quinta-feira, 6 de abril de 2017

Uma Nova Ordem Racial.

Não é o desconhecimento de ninguém que a grande massa carcerária no Brasil, principalmente na Bahia, é formada por um grande contingente de pessoas negras. Num pais onde políticas públicas de educação, saneamento básico, saúde, transporte, cultura e lazer inexiste nas nos bairro e comunidades onde a população negra habita, não se poderia esperar por uma estatística mais otimista.



Independentemente da omissão do poder público, uma lastimável incorreção que corre no sistema carcerário brasileiro é a prisão e condenação de pessoas inocentes devidos a inquéritos policiais maus elaborados o que acarreta em terríveis erros judiciais.

Os meios de comunicação têm sistematicamente noticiado casos parecidos com os dos Irmãos Naves, um grave erro judiciário acontecido em 1937, na cidade de Araguari, em Minas Gerais. Tem sido recorrente no país, principalmente nas comunidades pobres, pessoas serem levadas para a prisão e condenadas sem realmente ter cometido os crimes dos quais são acusadas. O mais trágico nisso tudo é que 90% das vítimas desses erros são da raça negra. Uma tragédia que se repete no sistema judiciário do país.

Os principais noticiários das emissoras de TVs do pais vem incansavelmente alertando sobre a prisão de pessoas inocentes. E pesquisa mostram que 92% dessas pessoas são vítimas de maus policiais, que prendem pessoas, pressupostamente suspeita de algum crime, sem qualquer critério probatório.  Desconfia-se que assim agem para receber gratificações para atingirem metas por prisões efetuadas. Levadas a julgamento, se o réu ou a ré é negra dispensam-se peças essenciais e outras ações legais, que poderiam provar a sua inocência. Com isso, os presídios cada vez mais recebem um número preocupante de pessoas negras inocentes.

O telejornal, Bom Dia Brasil voltou a exibir o caso do vendedor ambulante de SP que ficou preso um mês sem ter cometido crime algum.  Outros exemplos de injustiça foram exibidos, e em todos as vítimas eram pessoas negras. Essas aberrações da justiça causou a indignação do ancora Chico Pinheiro, que fez um desabafo emocionado. Um dos casos mostrados, na quarta-feira, 05/04, foi mostrado o caso do vendedor ambulante de São Paulo que ficou um mês preso sem ter cometido crime.

Um policial civil, fora da sua jurisdição de serviço, baseando-se nas informações da esposa, que teve o celular roubado, deu voz de prisão ao ambulante e o levou preso para outra cidade, onde ocorreu o roubo, a 30 km da residencial do suposto ladrão. A esposa do policial, em princípio, ficou em dúvida, mas certamente para que o marido policial não passasse por autoritário, acabou por declarar reconhecer o inocente como o autor do roubo do seu celular.   O triste drama do ambulante Wilson Rosa, que não é isolado, passou uma temporada na cadeia até ser definitivamente provado a sua inocência.

Eu ilustro esse lamentável episódio como bônus da minha afirmativa de que os conselhos, centros, unidades, secretarias e comissões da igualdade racial e ou de defesa do negro não passam e latrinas politiqueiras, e nada tem a ver com a pauta que apregoam. Nenhuma liderança de movimentos negros prefigura como defensores das negras vítimas de injustiça e de erro judicial.

Esse caso se tornou notório em São Paulo, mas nenhuma liderança dos movimentos negros se levantou para ir em defesa do ambulante. Isso ocorreu por meio de um advogado voluntário sensibilizado com o drama que a família do ambulante estava vivendo. E olha que em Sampa não existe somente o lixo dos lixos chamado Movimento Negro Unificado, MNU. Existem centenas de outras porcarias do mesmo quilate com a pseuda proposta de defender os direitos legítimos da Raça Negra. Mas o que ocorre, na verdade, é que seus líderes não passam de um bando de vendilhões da raça agrilhoado aos politiqueiros seus patrões e senhores.

Cerca de 89% dos defensores públicos ou defensores voluntários das pessoas negras, vítimas de injustiça judicial, não tem quaisquer vínculos com as entidades ditas de defesa do negro ou da igualdade racial. E nenhum desses defensores também são negros ou negras. Isso denota a ineficácia, inercia, omissão e inutilidade dos movimentos negros e das latrinas politiqueiras espalhadas pelo Brasil afora.

Junta nessa lama politicalha a Comissão da Igualdade Racial da OAB/RJ, reconhecida com justiça como a latrina mor de todas outras latrinas politiqueiras, devido a sua total omissão diante aos genocídios de jovens negros promovidos por forças policiais, e outras mazelas lançadas contra a negritude, no Rio de Janeiro, sem qualquer ação jurídica tomada por seus gestores.

Outras duas latrinas, no Rio de Janeiro, com os mesmos teores de dejetos politiqueiros, que nada fizerem e nada fazem em prol da negritude, – e cujas existências pressupõe esse propósito – são o CEDINE, Conselho Estadual dos Direitos dos Negros, e o COMDEDINE, Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negros. Dois lixos que envergonham a Causa Negra fluminense por seus gestores serem relhes capitães do mato pós-modernos e mucamas de gabinetes do presidiário Sergio Cabral e quadrilha e, também, do futuro presidiário Eduardo paz e quadrilha.  Seus patrões e sinhozinhos.
 
CEDINE? COMDEDINE? Não sei do que se trata não. Por aqui nunca apareceram. – Respondeu uma líder comunitária do Morro do Boréu, na Tijuca, zona norte do Rio ao ser indagada sobre a participação daqueles dois lixos nas atividades sociais da comunidade.
 
A ineficiência dessas entidades e dos seus gestores mostra-se ao tirar proveito de ações das quais não tiveram quaisquer participações. Nos projetos nas comunidades e periferias em que jovens negros são inseridos em programas sociais de músicas, dança, teatro, audiovisual, artes em geral, não se vê nenhuma ação do CEDINE, do COMDEDINE ou dos movimentos negros fluminense.  Essa súcia para justificar aos governos e aos seus senhores e sinhazinhas dos partidos políticos, o que não realizam, desavergonhamente buscam tirar proveitos dessas ações.
 
– Os caras dos movimentos negros só parecem por aqui em época de eleição com seus políticos brancos e, também, para tirar fotografias e publicar nas páginas sociais, como se o projeto que os gestores culturais, brancos, desenvolvem aqui, fossem deles. – Desabafa uma professora negra, do Complexo da Maré, conjunto de favelas da zona norte do Rio, de grande contingente negros.
 
Essas atitudes de má fé, desonestidade e de usurpação alheia é recorrente também nos Quilombos e comunidades onde é grande o contingente negro, e as ações sociais e culturais são promovidas por gestores sem quaisquer vínculos com os movimentos negros e com as entidades ditas oficiais de defesa do negro e da igualdade racial.
 
Sem legitimidade, sem propostas, programas e projetos para findar ou pelo menos amenizar as agruras impostas aos negros e negras no Brasil, essa velha e conhecida turminha dos movimentos negros emergem de suas insignificâncias apenas para apregoarem discursos panfletários que, para a negritude, resulta em nada e leva a lugar nenhum.

A luta –  se é que se pode chamar essa mesmice de luta –  dos movimentos negros ao longo das últimas quatro décadas, tem sido somente para criar um modelo de vitimização do negro. Vítima da sociedade, vítima do estado, vítima do sistema, vítima do poder branco, vítima da extrema direita e outros subterfúgios panfletários.  A negritude é vítima sim, mas da ausência do poder e de políticas públicas nas comunidades em que habita.

Sendo o movimento negro o defensor dos interesses do negro não poderia direcionar sua luta nesse sentido? Não são eles que gerenciam as coordenações, comissões, centros, secretarias, departamentos e núcleos de defesa do negro e ou da igualdade racial?

Eu permaneço nas críticas e denúncias devido as incomensuráveis aberrações e mazelas lançadas contra a negritude brasileira. Aberrações e mazelas usadas por essa velha e conhecida turminha para promover as tais mentirosas conquistas históricas, que lhes rendem cargos públicos e outros benefícios pessoais.
E motivações para essa turminha mostrar trabalho é o que não faltam.

Em 04 de Maio de 2015 enviei uma carta manifesto intitulado Cracolândia. 
As Senzalas Pós-Modernas, em que eu mostrava a omissão dos movimentos negros sobre o contingente negro, de homens, mulheres e crianças, vivendo em condições sub-humanas nas Cracolândias do Rio e de São Paulo. Relatei a ausência do poder público diante da situação e a promiscuidade gananciosa de ONGs, que recebiam verbas privadas e do estado para desenvolverem projetos e programas de erradicação das Cracolândia, e nada estava sendo feito.

Recebi dezenas de mensagens ameaçadoras e ofensivas de segmentos dos movimentos negros. As cracolândias continuam promovendo a decadência humana de cidadão, cidadão e de crianças negras e, também, fomentando rendas para aqueles e aquelas que usam essa tragédia para suas hediondas causas próprias.
E não é somente nas cracolândias que a negritude padece e reque ações dos movimentos negros. E nada acontece vindo dessa velha e conhecida turminha.

Nesse Domingo, 02/04/201702/04/2017, o Fantástico fez uma reportagem sobre uma senhora negra chamada Silvia que vivia na Cracolândia, em São Paulo, região que ela conheceu desde criança e onde virou assaltante e, aos 18, foi presa e condenada a 25 anos. Ao sair, ela só conseguiu trabalho no tráfico.  Depois de 40 anos de vida, Sílvia se perdeu nas drogas, virou uma pessoa irreconhecível e ganhou um apelido: a 'Bruxa da Cracolândia', devido ao seu aspecto deflagrado.

A vida da Dona Silvia mudou consideravelmente até que, segundo palavras dela – um anjo branco apareceu para mim mudando completamente a minha vida. Para a melhor. Esse anjo branco e a jovem estudante, Fernanda, da classe média paulista, que levou Dona Silvia para uma casa clínica de tratamento e, em seguida, para uma casa de acolhimento. Doma Silvia estudou, completou os estudos fundamental e médio e está cursando a faculdade de direito. E sentiu-se com uma criança ao conhecer a praia pela primeira vez ao cinquenta e poucos anos.

Bastou a ação solitária de uma pessoa para que a vida da Dona Silvia tomasse um outro rumo. 

Quantas entidades dos movimentos negros existem somente no Rio de Janeiro e em São Paulo? Por que não tomaram e nem tomam nenhuma atitude em relação às cracolândias? Ou –  Não é assunto nosso!!!  Que resultado e ou legado os movimentos negros têm conquistado para a Causa Negra e para a Causa Quilombola? Não me venham com papo de cotas raciais. Elas representam uma humilhação sem precedentes para a negritude. As cotas raciais não representam nenhuma conquista.

Ao contrário das críticas – acompanhadas de ameaças que recebo – eu não pertenço a nenhum grupo político ou força reacionária do poder branco da extrema direita, segundo um dirigente, da CUT/SP, em e-mail raivoso dirigido a mim.

Minhas mensagens são enviadas para mais 15 mil endereços eletrônicos do meu mailing pessoal; mais de 40 listas de diversos grupos de entidades religiosas, de capoeira, de mulheres, universidades, da diversidade sexual, culturais, artísticas e sociais das quais sou inscrito; para vereadores,  parlamentares estaduais, federais e senadores, de todos os partidos; para dezenas de entidades dos direitos humanos; para a assessoria de imprensa e de comunicação do STF; PF; MPF; MPE; TCU; emissoras de rádio, TVs, e redações da imprensa em geral, totalizando mais de 62 mil pessoas.

Recebo semanalmente mais de 1.200 mensagens de todo o pais de críticas, elogios e sugestões. Também recebo inúmeras ofensas e ameaças. Há também convites para palestras e debates em universidades, terreiros, centros de direitos humanos, etc., das quais agradeço o convite, mas não participo.

Sou apenas, e exerço esse meu direito, um cidadão negro cansado de ver os legítimos direitos da sua raça ser usurpada pelos seus iguais.

Iguais, que sob a égide dos movimentos negros se apresentam como defensores da Causa Negra e da Causa Quilombola, mas agem em causa própria e pelos interesses políticos dos seus senhores e sinhazinhas dos partidos políticos. 
Deles e delas criou-se um nova ordem racial:  as do capitães do mato pós-modernos e das mucamas de gabinetes.

Abraços a todos.
Flávio Leandro
Cineasta, Professor de Produção Audiovisual, Professor de Produção Teatral.
Busca no Google: cineasta Flávio Leandro
Cartas do Flávio Leandro
Youtube: Filmes do Flávio Leandro: A Vênus da Lapa; Entre os Dois Planos; A Relação Humana Uma História Cigana; O Velório; Yeah, Meu Negro. 

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