terça-feira, 29 de novembro de 2011

Obra-prima de Jacob Gorender ganha 5ª edição

Obra-prima de Jacob Gorender ganha 5ª edição após 26 anos
Relançada pela Editora Fundação Perseu Abramo, a polêmica tese “Escravismo colonial” reinterpreta o legado de Gilberto Freyre, renova o marxismo brasileiro e consolida-se como a mais notável contribuição contemporânea acerca deste período histórico.


Reconhecido como um dos registros mais notáveis da historiografia recente do Brasil, O escravismo colonial, de Jacob Gorender, ganha 5ª edição pela Editora Fundação Perseu Abramo (EFPA). Publicado anteriormente entre o final da década de 1970 e a primeira metade dos anos 1980, o livro – na época, considerado polêmico por contestar as teses defendidas por pensadores devotos de Gilberto Freyre – debate a concepção histórica sobre o modelo de escravismo implantado no país e propõe a inserção do fenômeno entre as possíveis considerações sobre a formação do modelo de socioeconomia brasileira.

Passados 26 anos desde a sua última edição, “O escravismo colonial” afirma-se como a mais sólida análise contemporânea acerca da argumentação gilbertiana sobre o sistema escravocrata implantado no Brasil colonial e suas consequências que perpassam a ascensão do capitalismo, em meados do século XIX, até os dias de hoje.
Gorender reinterpreta os clássicos modelos derivados de Freyre e desconsidera a suposta existência de um regime feudal brasileiro, subsistente ou paralelo ao sistema escravista. Sua tese de escravismo colonial suscita outra via para o entendimento da formação econômica do país, ao admitir o fenômeno como o grande responsável pelo fortalecimento da unidade lusitana na América Latina, em contraponto à fragmentação observada no território hispânico.
O autor convida o leitor a refletir sobre a estrutura e o sistema de produção escravista vigente no Brasil e afirma que este foi um método novo, temporal e específico deste espaço geográfico, objetivado pela produção mercantil para atender principalmente a demanda europeia. Portanto, esta forma peculiar de regime é diferente dos moldes do escravismo clássico, feudalismo e, ainda, do capitalismo, colocando o país numa situação de exceção em relação às culturas ocidentais durante todo este período histórico.
Sendo Gorender marxista desde a adolescência, “O escravismo colonial” dá novo fôlego para o marxismo brasileiro, ao acrescentar novas categorias de análise nos mesmos modos de produção. A obra reforça o conceito de materialismo histórico, pois incrementa variações à fórmula de Karl Marx e o torna mais aplicável como ferramenta de estudo de sistemas econômicos que destoem dos europeus.
Jacob Gorender: intelectualidade excepcional
Nascido em Salvador, em 1923, Jacob Gorender é considerado hoje um dos mais importantes historiadores brasileiros. Filho de um judeu ucraniano socialista, frequentou a Faculdade de Direito de Salvador, onde militou na União de Estudantes da Bahia, durante o início de 1940.
Muito jovem, lutou na 2ª Guerra Mundial pela Força Expedicionária Brasileira. Foi membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) – ao lado de personagens importantes, como Carlos Marighella – e trabalhou como jornalista nos principais veículos de esquerda daquele período. Em 1968, com o início dos anos de chumbo da ditadura militar, Gorender aproxima-se da militância armada e participa da fundação do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).
Em janeiro de 1970, foi preso em São Paulo. Seguiram-se dois longos e traumatizantes anos de constantes torturas, mas também foi nesse período de Gorender teve forças para iniciar esta que atualmente é considerada a tese mais revolucionária sobre a formação socioeconômica brasileira, desde “Casa Grande & Senzala”. “O escravismo colonial” era publicado em 1978 pela editora Ática, com inesperado sucesso.
O preconceito contra seu autodidatismo intelectual o reservou à margem do campo acadêmico durante muitas décadas. Apenas em 1994, aos 71 anos, seu mérito foi reconhecido com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e passou a atuar como professor visitante no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP).
Atualmente, com 88 anos, vive entre livros e publicações, numa simpática casa de vila do bairro da Pompeia, na zona oeste da cidade de São Paulo.
A Editora Fundação Perseu Abramo registra sua homenagem a Jacob Gorender e reconhece a importância deste grande pensador brasileiro, com o lançamento da 5ª edição revisada de “O escravismo colonial”, marcada para novembro de 2011.








A comida vem dos terreiros

O sagrado que alimenta


Em Pernambuco, terreiros servem de espaço para cultos e também alimentação

Juremeiro Sandro de Jucá ao lado de Dona Dora e suas afilhadas de Jurema em ritual de "obrigação". Foto de Bernardo Dantas/DP.


Além de espaço de culto religioso, terreiros contribuem para a segurança alimentar de comunidades pobres

A comida posta à mesa é farta, variada. Tem um cheiro forte e sinais de um preparo cuidadoso. Há peixe frito, raízes e alimentos feitos com mandioca e milho. Um cântico entoado no salão pequeno, coberto com telhas de amianto, dá início ao ritual. O bairro é Jordão Baixo, Recife. Logo todos fecham os olhos em sinal de concentração. Aos poucos, o sacerdote e as filhas de santo circulam a mesa enquanto degustam as iguarias. A comida também é ofertada às entidades da jurema. O sagrado praticado nos terreiros transborda pelas frestas do espaço religioso, toma as casas da vizinhança e chama o povo para se alimentar. Seja dia de festa ou não. A solidariedade não deixa lugar para a fome na rotina difícil das comunidades pobres da Região Metropolitana do Recife.

A prática cotidiana da partilha de alimentos nos terreiros foi recentemente comprovada pela pesquisa Alimento: direito sagrado, documento publicado pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), em parceria com a Unesco, que mostra o papel desses espaços de culto das religiões afro-brasileiras na promoção de segurança alimentar e nutricional das comunidades onde estão localizados. Apesar de historicamente serem caracterizados pela solidariedade, parece que somente agora o governo federal despertou para a importância dessa velha prática dos líderes religiosos: a distribuição de alimentos e a valorização de refeições saudáveis e diversificadas. Os pesquisadores coletaram dados de quatro regiões metropolitanas do país: Recife, Belém, Belo Horizonte e Porto Alegre.

“A jurema com seus frutos, sempre nos alimentou”, canta Sandro de Jucá. Juremeiro da casa Mensageiros da Fé, o mais antigo terreiro de Jordão Baixo, com 44 anos, ele mantém o cachimbo acesso nas mãos como sinal de religiosidade, invocação da espiritualidade. “Procurar o alimento e não ter é considerado algo muito grave por nós. Ao comer, alimentamos o corpo, mas também comungamos com o sagrado. Por isso, não ter a comida atinge não só o físico, mas também o espiritual”, afirma Sandro, que também é babalorixá no candomblé.


Pratos que compõem a culinária da Jurema. Mesa de Jurema. Foto de Bernardo Dantas/DP.


Cozinhas comunitárias

Séculos de atraso na aplicação de políticas públicas junto à população de terreiros, podem ficar para trás com o mapeamento desses espaços. Uma das propostas mais interessantes surgidas a partir do estudo é a implantação de cozinhas comunitárias nessas casas. Ao todo, 92% dos terreiros das quatro regiões metropolitanas pesquisadas têm alguma ação de preparo e distribuição de comidas para as famílias do entorno.

“O estudo revelou que a maior parte das cozinhas são razoavelmente equipadas, mas muitos sentem falta de uma estrutura melhor. A ideia da cozinha comunitária é equipar esses espaços e capacitar quem prepara a comida para a educação alimentar, a exemplo das que já foram destinadas à população quilombola”, destaca Marcos Dal Fabbro, diretor da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS. O plano pode ajudar a melhorar a política de combate à fome do governo federal. Os dados revelam que 31% dos terreiros distribuem alimento para a comunidade. Outros 14,3% repassam o mesmo apenas para pessoas em situação de risco social.


Domínio feminino


Doralice Pereira de Lima é dona Dora, a yalorixá do terreiro Mensageiros da Fé. Ela faz parte de uma legião de mulheres que lidera os terreiros do país. Segundo os dados do MDS, em 55,1% dos casos, são elas quem comandam esses espaços. Quando se fala em cor/raça, 72% dessas pessoas se consideram negras ou pardas, com destaque para a Região Metropolitana do Recife, que tem o maior percentual entre as regiões pesquisadas daqueles que se identificam como pretos ou pardos (82,3%). Em meio ao domínio de mulheres negras ou pardas, um ponto negativo: a RMR tem o maior percentual de lideranças sem escolaridade, com 8,2% desse contigente.

O perfil traçado aponta outros dados importantes. Se nas outras regiões do país é a umbanda que mais ocupa espaço nos terreiros, na RMR a jurema, religião de matriz indígena, lidera o ranking. Das 1.261 casas levantadas pelo estudo, 896 são de juremeiros. A RMR somente perde para a RM de Porto Alegre em número de terreiros. Lá, são 1.342 casas.

Em Pernambuco, outro ponto preocupante se refere ao acesso a políticas públicas de esgotamento sanitário e água potável desses espaços religiosos. Na RMR, o percentual de terreiros com atendimento irregular da rede de água é de 67,7%. Também é a capital pernambucana e seus municípios vizinhos que apresentam os maiores percentuais de fossas rudimentares e sépticas não ligadas à rede coletora, 17,5% e 23,4%, respectivamente. Outros 7,5% despejam o esgoto em valas.


Nada pode ser desperdiçado


Os terreiros de umbanda, candomblé e jurema são espaços conhecidos pela fartura na oferta de alimentação e pela qualidade da comida oferecida. “Uma das características dos terreiros é que os cardápios são direcionados aos orixás e às outras pessoas que frequentam o espaço ou apenas visitam em dias de festa de santo. A ideia é: vou fazer o melhor com o melhor ingrediente. Nada pode ser desperdiçado, tudo deve ser partilhado”, explica o antropólogo e especialista em antropologia da alimentação, Raul Lody.

Juremeiro, Alexandre L’Omi L’Odò conta que as festas mais tradicionais do povo de terreiro em Pernambuco acontecem em dezembro (Iemanjá), em julho (Oxum), em junho (Xangô), em março (mestres) e em agosto (trunqueiros). “Nessas horas, costuma-se servir a população em geral. São dez quilos de feijão, trinta quilos de carne e nove quilos de arroz, por exemplo. O que sobra, é reaproveitado. Nesse caso, essa não é a comida do sagrado”, explica. Em geral, as festas abertas acontecem três dias depois dos rituais internos, quando são feitas as obrigações aos orixás.


Culinária para a melhoria de vida


No terreiro Ilé Axé Ogbom, em Água Fria, no Recife, o preparo de alimentos está ligado à melhoria de vida. Mulheres em situação de risco social aprendem no espaço boas práticas de alimentação em um curso gratuito ministrado pela yabassé Carmem Virgínia e apoiado por uma rede de supermercados.


“Ensinamos o preparo de comidas que são de grande aceitação comercial com foque na culinária afro”, explica Carmem, que aos 7 anos já sabia que assumiria a função de yabassé, a mulher responsável pelo preparo da comida no candomblé. Hoje ela também é consultora em restaurantes de cozinha afro internacional.


Levar a frente ações sociais como essa, no entanto, não é fácil. O estudo revelou que 52,5% das lideranças dos terreiros usam sua própria renda na compra dos alimentos. O problema é que quase metade dessas lideranças (46,9%) recebe apenas até um salário mínimo por mês. “Sem alimento não há desenvolvimento. O homem não pensa, não vive. Em qualquer lugar, o alimento tem que ser sagrado”, alerta o pai de santo do mesmo terreiro, Everaldo de Xangô. É exatamente na RMR que está o menor rendimento das lideranças, com 85,3% delas recebendo até dois salários mínimos.


Pai Everaldo de Xangô e a Iyabassé Carmem Virgínia do Ilé Axé Ogbom. Foto de Bernardo Dantas/DP.

Maria Luiza Santos da Silva, 53 anos, diz que reconhece o valor que o terreiro tem. Vizinha do Ilé Axé Ogbom, ela conta que muitas vezes, precisou pedir ajuda no espaço e nunca foi mal recebida. “Cresci em terreiro e conheço bem a realidade. Nunca bati na porta de pai Everaldo pedindo ajuda para receber um não. Muitas vezes ele me deu feijão, arroz. Ele não dá mais porque não pode”, conta a dona de casa, casada com um biscateiro e mãe de 10 filhos.


No terreiro Mensageiros da Fé, houve tempo em que até médicos eram trazidos para atender a população carente. “Não temos mais suporte financeiro para isso”, comenta Sandro de Jucá, juremeiro e babalorixá. Apesar das dificuldades, ao menos uma vez por mês o grupo distribui sopa aos moradores do bairro. “Quando dá, também oferecemos enxovais a quem nos procura. A fartura vem da espiritualidade”, explica.


Apenas 12% dos terreiros recebem cestas de alimentos do governo federal, segundo a pesquisa, o que ainda representa muito pouco. Na RMR está o maior percentual de terreiros que recebem estas cestas, 31%.


Entrevista com Sônia Lucena



O alimento que sai dos terreiros não tem apenas cheiro de solidariedade. Possui ingredientes nutritivos, como avalia a nutricionista Sônia Lucena, do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco e membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar.


Como a senhora analisa a prática de distribuição de alimentos pelos terreiros?


Historicamente, o terreiro não é só espaço religioso. Assim como as igrejas, também fazem m trabalho social. A música produzida por eles, por exemplo, é de ótima qualidade, assim como a comida, que tem um cardápio próprio, de origem afro. Quando vieram seqüestrados e escravizados do continente africano, muitos negros trouxeram sementes escondidas nos seus próprios cabelos e assim conseguiram manter a tradição alimentar ao longo dos séculos.


Podemos afirmar que as comidas de terreiro são saudáveis?


Depende. Se agente fala em consumo de vatapá todo dia, por exemplo, não é indicado porque o óleo de dendê usado no seu preparo depois de levado ao fogo é rico em colesterol. O mesmo vale para o coco, que consumido em excesso traz sobrepeso. É como se alimentar com uma ceia de Natal todos os dias. Se a população fizesse isso, 90% das pessoas estariam obesas.


Segundo a pesquisa, a maioria dos alimentos consumidos nos terreiros da RMR são os caprinos, o frango e o fubá. Além disso, eles também costumam oferecer à comunidade a conhecida mistura de feijão, arroz e carne. O que a senhora acha desses produtos?


A mistura de feijão, arroz e carne é excelente, perfeita. O Conselho Nacional de Nutrição chegou a fazer campanha para estimular esse consumo. O feijão é rico em proteína vegetal e o arroz em aminoácidos. Juntos, dão uma mistura protética muito rica. No entanto, estamos falando de feijão com água e sal e não de feijoada. No caso da galinha criada em casa, qualquer um pode comer, desde que tire o couro, pois é onde está armazenado o colesterol. A carne branca tem menos colesterol que a carne vermelha. No caso do fubá, é o milho beneficiado. É um alimento rico em calorias. A mistura de carne de bode, por exemplo, com produto oriundo do milho também é muito boa, pois o que falta na proteína do milho é complementado pela proteína animal.


Dados da Pesquisa


matéria do jornal Diário de Pernambuco de domingo - 27 de novembro de 2011, caderno Vida Urbana C6 e C7 (duas páginas). Solicitei ao Diário essa matéria, por ter identificado que o lançamento oficial dos resultados da Pesquisa Socioeconômica e Cultural das Comunidades Tradicionais de Terreiro de Recife e Região Metropolitana, realizada pelo MDS- Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, com parceria com a SEPPIR e a UNESCO e realização da entidade Filmes de Quintal, passou quase desapercebido pela mídia local em todos os seus âmbitos.

Horas, como resultados tão importantes e impactantes para a realidade social, cultural e religiosa do nosso Estado, como os dessa pesquisa passariam desapercebidos pela mídia? Resposta simples: o racismo e a intolerância religiosa ainda são fortes aliados no desinteresse por assuntos ligados essencialmente a temas dos povos afro descendentes e indígenas, sobre tudo às religiões de matrizes africanas e indígenas.

Contudo, a jornalista Marcionila Teixeira se interessou pela pauta sugerida e caiu em campo. Realizou um belo trabalho de pesquisa, trazendo ao povo pernambucano essas informações de forma inteligente e esclarecedora. Assim, o Diário de Pernambuco, quebra parte da barreira histórica que sempre colocou assuntos ligados ao povo negro e índio nas páginas policiais.


Digitalizei parte da matéria (fotos, dados e textos). Ainda digitei parte do texto que só saiu na versão impressa do jornal. Portanto, a matéria aqui está totalmente completa e na íngra.

Fico feliz em ter podido contribuir de forma ativa com a visibilização dos resultados dessa pesquisa. Sou de terreiro. Fui pesquisador de campo nesse levantamento de dados e, ao ver esse resultado concreto (impresso) só agradeço à minha mãe Oxum e a Jurema Sagrada e, também ao trabalho que realizo em conjunto com o Quilombo Cultural Malunguinho, que ao longo dos seus 8 anos de existência vem torando possível, de forma coletiva, o fortalecimento crítico e religioso (teológico) do povo de terreiro de pernambucano, sobre tudo o do Povo da Jurema Sagrada e da cultura popular.

Salve a Jurema, salve a fumaça e salve Malunguinho! Sobô Nirê!



Alexandre L'Omi L'OdòQuilombo

Cultural Malunguinhoalexandrelomilodo@gmail.com



Alexandre L'Omi L'Odò
Sacerdote Egbomi L'Osùn e Juremeiro
Estudante de História - UNICAP
Músico/Percussionista - Arte-educador
Pesquisador - Produtor Cultural/Fonográfico
Gestor Cultural e Exotérico Holístico
Rua da Harmonia nº.27
Peixinhos - Olinda - PE
Cep:53220-330
00 55 (81) 8887-1496 (Oi) / 3244-2336 (Res.) / 9868-5570 (TIM)
http://www.alexandrelomilodo.blogspot.com/
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A CARTA DA COORDENAÇÃO NACIONAL DE ENTIDADES NEGRAS (CONEN) PARA A XIV CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE

CARTA DA COORDENAÇÃO NACIONAL DE ENTIDADES NEGRAS (CONEN) PARA A XIV CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE

“TODOS USAM O SUS! SUS NA SEGURIDADE SOCIAL, POLÍTICA PÚBLICA E PATRIMÔNIO DO POVO BRASILEIRO”


O Brasil parece finalmente estar a passar do período da pós-independência para o período pós-colonial. A entrada neste último período dá-se pela constatação de que o colonialismo, longe de ter terminado com a Independência, continuou sob outras formas, mas sempre em coerência com o seu princípio matricial: o racismo como uma forma de hierarquia social não intencional porque assente na desigualdade natural das raças. Esta constatação pública é o primeiro passo para se iniciar a viragem descolonial, mas esta só ocorrerá se o racismo for confrontado por uma vontade política desracializante firme e sustentável. A construção dessa vontade política é um processo complexo, mas tem a seu favor convenções internacionais e, sobretudo, a força política dos movimentos sociais protagonizados pelas vítimas inconformadas da discriminação racial. Para ser irreversível, a viragem descolonial tem de ocorrer no Estado e na sociedade, no espaço público e no espaço privado, no trabalho e no lazer, na educação e na saúde.
Boaventura de Sousa Santos (Folha de São Paulo, 21/08/06)

“Saúde, o feito por fazer”

Retomamos o tema do IV Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, realizado em 1994, em Recife, pelas possibilidades de reflexões acerca do processo de articulação, formulação, implantação e implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN).
Tema provocativo e portador de simbologias que demarcavam a gravidade da situação sanitária e social da população brasileira, o percurso difícil e tortuoso do setor no período e o compromisso, que todos deveriam reafirmar, de continuar nossa luta pelo direito à saúde. (Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva - Abrasco, 1994)
Assim estamos nos marcos da realização da 14ª Conferência Nacional de Saúde: “Todos Usam o SUS! SUS na Seguridade Social, Política Pública e Patrimônio do Povo Brasileiro”, em contexto histórico de inegáveis avanços institucionais e democráticos que reconhecem a justeza da política de saúde da população negra como uma das estratégias que materializa a saúde como direito de todos e dever do Estado, o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Todos usam o Sistema Único de Saúde (SUS), mas nem todos temos garantido o direito à saúde. O percurso difícil e tortuoso de constituição da PNSIPN demonstra o feito por fazer, pois, fruto de ampla articulação no âmbito do governo federal, ao longo dos últimos dezesseis anos, se consideramos a Marcha Zumbi dos Palmares – contra o racismo, pela cidadania e a vida, em 1995, como um dos seus marcadores, a Política de Nacional Saúde Integral da População Negra é aprovada pela Conselho Nacional de Saúde em novembro de 2006, pactuada no Comitê Gestor Tripartite em maio de 2008, e instituída como política em 13 de maio de 2009, uma longa jornada pelos meandros da institucionalidade e relações de poder.

Uma trajetória marcada por fluxos e refluxos, que teve por base a histórica realização do I Seminário Nacional de Saúde da População Negra, em agosto de 2004, e a constituição do Comitê Técnico de Saúde da População Negra, no âmbito do Ministério da Saúde.
Este processo teve na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) um ator fundamental, que possibilitou o diálogo entre ativistas do movimento de homens e mulheres negras, acadêmicos e o Ministério da Saúde, em cumprimento à sua missão institucional, como órgão assessor da Presidência da República, de acompanhar e coordenar ou formular novas políticas de promoção da igualdade racial.
Dos percursos tortuosos, o feito por fazer, apesar dos avanços em configurar um Plano Operativo caracterizado pela transversalidade, gestão estratégica, solidária e participativa, ações e metas para serem cumpridas pelos estados, Distrito Federal e municípios, a ousadia de assumir o racismo como determinante social das condições de saúde da população negra, após quatro anos, consideradas as fases 1 (2008-2009) e 2 (2010-2011), pouco ou nada foi feito, apesar da existência de recursos financeiros.
A gravidade da situação sanitária da população negra marcada pelas mortes precoces, pela violência, por maiores riscos de mortalidade infantil e mortalidade materna, nos coloca frente aos desafios de, durante a 14ª Conferência Nacional de Saúde, responder quais foram os obstáculos enfrentados para a implementação da PNSIPN? Quais estratégias de gestão foram pensadas para a superação destes obstáculos? Por que o pacto de operacionalização da política não foi cumprido? Por que as instâncias de controle social não cumprem o seu papel de monitoramento? Qual o melhor arranjo institucional para cumprir com o feito por fazer? Por que, diante dos dados epidemiológicos que apontam desigualdades raciais em saúde, o sistema não considera metas diferenciadas para a superação das mesmas?

Pelo exposto consideramos que:

Há necessidade de rever a gestão da política, inserido-a em locus com capacidade instalada, expertise e poder de indução da política, que no início de sua formulação encontrava-se na Secretaria Executiva, e que posteriormente passa a compor uma das áreas da Secretaria de Gestão Participativa (Segep); o baixo perfil de execução do Plano Operativo requer análises que permitam avaliar o desempenho da Segep e suas possibilidades de coordenar a PNSIPN;

Há necessidade de arranjos institucionais que ampliem a capacidade do sistema em dar respostas às necessidades de saúde da população negra, ou seja, alianças com outros setores em condições de dar suporte teórico e metodológico sobre a desconstrução do racismo em saúde, uma vez que é sobejamente conhecida sua incapacidade nesta área;

Há necessidade de indicação de gestores com espaço de poder e capacidade técnica e política de gerir a política para superação do impasse no qual nos encontramos, onde as desigualdades raciais em saúde se ampliaram, como é o caso dos homicídios que vitimizam a juventude negra, oficialmente reconhecido como genocídio no Mapa da Violência;

Há necessidade da formação continuada dos/as trabalhadores/as do serviço de saúde para a implementação da PNSIPN;

Há necessidade da obrigatoriedade e de manutenção de compromissos assumidos quanto à coleta e análise de dados desagregados por raça/cor que não tem sido realizadas de forma sistemática, inviabilizando mais uma vez o conhecimento sobre a situação de saúde da população negra, como foi o caso do Suplemento Saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2008, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, por demanda do Ministério da Saúde); a variável consta do questionário, mas não foi analisada na publicação, dentre outros exemplos;

Há necessidade de inserção das ações, estratégias de operacionalização, indicadores e metas da PNSIPN no Contrato Organizativo da Ação Pública de Saúde em acordo com o Decreto 7508 de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei 8080/90, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde (SUS), o planejamento da saúde, a assistência e a articulação interfederativa, e dá outras providências.

Cabe portanto à plenária da 14ª Conferência Nacional de Saúde, nos dias 30 de novembro a 4 de dezembro de 2011, garantir o pleno gozo do direito à saúde da população negra, reconhecer, em acordo com as diretrizes da Conferência, as necessidades específicas, condições singulares, contextos particulares que requerem unidade na diversidade, ou seja, uma política nacional única com dispositivos organizacionais diversos e respostas apropriadas para distintas necessidades, pois todos usamos o SUS, mas nós, negras e negros, não temos garantido o exercício pleno do direito à vida, conforme demonstram os dados já fartamente conhecidos.
Não podemos mudar o passado, mas com certeza somos responsáveis pelo presente e a história cobrará nossa omissão.


Brasília/DF – 20 de outubro de 2011

Colóquio Nacional da Saúde da População Negra, com a participação de militantes e dirigentes da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen) dos seguintes Estados: Acre, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Distrito Federal.


O MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA EM MONTES CLAROS MG

NOVEMBRO O MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA
O QUE ISTO SIGNFICA PARA OS (as) BRASILEIROS (as)



Com a promulgação da Lei. 10.639, da obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana devemos ficar atentos(as) para não “Guetizarmos” a discussão das Relações Étnico-Raciais e História da África. Este é um tema de todos (as) brasileiros(as), negros, brancos, pardos, amarelos. E não “assunto de negro” .Falar em História da África aos(as) nossos alunos(as) é fazer conhecer a História do mundo e da Humanidade, é adentrar em um continente, além das praias, como não fizeram os historiadores, “europeus”, que nos contaram apenas sua versão, sobre a África colonizada, (A história apenas da boca do caçador europeu).Temos o dever de contar aos(as) nossos(as) alunos(as) a história de África, antes do tráfico negreiro. A África não nasce, quando o europeu chega ao continente. Quem era este negro(a) escravizado(a) que veio para o Brasil? Como era constituída a sociedade africana nos diversos países? Como se deu a resistência negra no Brasil?
Corrigir o estigma da desigualdade racial, principalmente na escola é tarefa de todos(as), eliminando estereótipos racistas. Neste sentido não podemos, apenas reforçar uma África dos três “Ts”, TARZAN, TRIBO E TAMBOR, como a mídia nos mostra. Não basta pintar o(a) aluno(a), vestindo de africano(a), tocar tambor e jogar capoeira, nos dias 13 de maio e 20 de novembro, pensando que está dando visibilidade à Lei. 10.639, isto é um grande perigo, é reforçar estereótipos. Caso seja feito, é necessária uma contextualização das atividades, não para preencher laguna e cumprir calendário. Fazer saber qual foi a importância da Dança, da música e da capoeira na vida dos(a) negro(a) escravizado(a)? Além do mais é importante o envolvimento de toda a escola, interligando as disciplinas com o mesmo tema. É comum ouvirmos: “Nossa escola não precisa trabalhar a questão do(a) negro(a), aqui não tem racismo”. Frases como esta mostra como muitos(a) professores(as) ainda tentam jogar a discussão ,RACIAL, para debaixo do tapete, como foi feito durante anos, no silêncio das escolas. Muitas das vezes, um ou dois, professores idealizam o projeto, de cultura afro na escola, e morrem na praia, tamanha a dificuldade em encontrar parceiro(a), o receio em tocar no tema ainda é grande na sociedade brasileira. Como afirma KABENGELE MUNANGA:


Podemos até não querer repensar uma nova política na escola, por medo, conivência ou falta de apoio, mas temos a obrigação de um começo, responsável, para formação de cidadãos conscientes.
Temos relato de professores(as) e diretores(as) de escolas públicas e particulares que estão, impedindo, projetos relacionados à Cultura Afro-brasileira e História da África, por questões religiosas. Uma vez que, inevitavelmente, irão mencionar a religiosidade afro-brasileira, com seus orixás e outras manifestações. Atitudes como esta é reforçar o racismo, a intolerância e falta de visão pedagógica, em detrimento do baixo índice educacional de nossos(as) crianças e adolescentes. Realidade como esta deve ser, DENUNCIADA, URGENTE.

Temos consciência que muitas vezes o(a) professor(a) encontra um ambiente hostil, um livro didático, perverso com nossas crianças negras, onde, ainda hoje, são representadas como pobres, escravas, desnutridas e pessoas feias. Isto é uma triste realidade. E ainda: no entanto, alguns professores, por falta de preparo ou por preconceitos neles introjetados, não sabem lançar mão das situações flagrantes de discriminação no espaço escolar e na sala de aula como momento pedagógico privilegiado para discutir a diversidade e conscientizar seus alunos sobre a importância e a riqueza que ela traz à nossa cultura e à nossa identidade nacional. Na maioria dos casos, praticam a política de avestruz ou sentem pena dos “coitadinhos”, em vez de uma atitude responsável que consistiria, por um lado, em mostrar que a diversidade não constitui um fator de superioridade e inferioridade entre os grupos humanos, mas sim, ao contrário um fator de complementaridade e de enriquecimento da humanidade em geral.

Professor(a), aluno(a), que tal neste 20 de novembro você começar a elaborar um GRANDE PROJETO, em conjunto, na sua escola? Com um tema voltado para a cultura afro-brasileira e História da África, que possa culminar em um seminário no próximo ano? Se você está pensando apenas em convidar um grupo de capoeira, dança afro, Congada ou Samba para comemorar o 20 de novembro, que tal convidá-los a incorporar o projeto, para uma discussão maior? Contextualizando a prática? Mas lembre, não cabe apenas ao(a) professor (a) de História, e sim o de Geografia, Ciências, Português, Literatura, Educação Física e demais disciplinas.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES:

- CIÊNCIAS: Constituição Física do Negro: Motivos do cabelo crespo, nariz achatado.
- EDUCAÇÃO FÍSICA: Corporeidade Negra, A dança como forma de Educação do povo negro.
- GEOGRAFIA: Estudo dos Países Africanos – Divulgação do Mapa da África na Escola – Estudo de povos africanos, antes do tráfico negreiro.
- LITERATURA – Escritores Negros – Poemas Negros, Letras de Samba para análises.
- OFICINAS DE DANÇAS AFRO-BRASILEIRAS, TRANÇAS AFRICANAS – (OBS) Não apenas no dia 20. Um Mês, com textos explicativos, palestras pelos(a) professores(as) contratados(as).
- ALIMENTAÇÃO: Comidas Africanas e Afro-brasileiras, História da culinária Africana.

Hilário Bispo
Pesquisador/militante do Movimento Negro
Acadêmico de Letras Inglês UNIMONTES e História das Facudades ISEIB–MINAS- (38)99464731/ (38)91044369
E-mail: hilariobispo@yahoo.com.br
tamboresdosmontes.blogspot.com

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ponto de Cultura Caravana de Artesania realizou várias atividades na cidade de Montes Claros - MG

Ponto de Cultura Caravana de Artesania realizou várias atividades na cidade de Montes Claros



Após as Festas de Agosto, a Caravana continuou com suas andanças, trocas e descobertas em Montes Claros. Na terça, dia 23/08, estiveram no bairro Cidade Industrial, no Projovem Adolescente, a convite do arte educador e facilitador social Hilário Bispo.

Debaixo da sombra de uma generosa árvore, o público do bairro se divertiu na cena de "magia" com os palhaços e ainda acompanhou a história "Procurando Firme" contada pelas atrizes.

Ao final, fizeram um bate-papo e intercâmbio como o grupo de dança coordenado pelo professor Hilário Bispo.

No dia 24/08, quarta, visitaram a Escola Municipal Mestra Fininha, no bairro Ciro dos Anjos. E seguindo o cronograma, no dia 25/08, quinta, estiveram na Escola Municipal Eunice Carneiro, no bairro Conjunto Habitacional José Corrêa Machado.Na quinta, sexta e sábado (dias 25, 26 e 27/08) fizeram o encontro Roda de Palhaços, com a participação de artistas e estudantes de psicologia de Montes Claros. As cenas criadas foram apresentadas na Praça Dr. Carlos, na Praça da Matriz e no Mercado Municipal, dentro de um cortejo cênico-musical.

Confira todas as imagens da Caravana em Montes Claros clicando aqui.


Artistas que participaram das atividades: Allison de Sá, Cristiano Pena, Danillo Lisboa, José Mendes, Júnia Bessa, Lílian Antunes, Luba Oliveira, Markus Câmara, Nádia Priscila Almeida, Soraya Santos e Zildo Flores.

Colaboradores: Achilles Coelho, Ana Cláudia Queiroz, André Meira, Aroldo Pereira, Fabiano Batata, Fabrícia Maia, Hilário Bispo, Ingrid Rodrigues, Mylena Andrade, Maria Afra e Wesley Souza. O Ponto de Cultura Caravana de Artesania realiza intervenções, encontros e trocas na área de artes cênicas em oito cidades mineiras. Esta iniciativa é promovida pelo Teatro Terceira Margem, Ministério da Cultura e Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais.

Apoios locais: Prefeitura Municipal de Montes Claros, Fundação Cultural Genival Tourinho e TV Geraes.


Informações:(31)9997-6912 (agenda)






(relatos)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

COMUNIDADE QUILOMBOLA RIO DOS MACACOS DA BAHIA PODERÁ SER DESPEJADA DO SEU TERRITÓRIO

NOTA PÚBLICA

COMUNIDADE QUILOMBOLA RIO DOS MACACOS DA BAHIA PODERÁ SER DESPEJADA DO SEU TERRITÓRIO


Nós do movimento dos Pescadores, Pescadoras e Quilombolas da Região recôncavo da Bahia conclamamos a sociedade para apoiar a Comunidade Quilombola Rio dos Macacos e denunciamos a ação truculenta da Marinha do Brasil.



A entrada do mês da consciência negra na Bahia no ano de 2011 poderá ser inaugurada com o despejo de uma comunidade quilombola bicentenária a qual está ameaçada de sofrer com uma decisão liminar de despejo decretada pelo juiz da 10ª Vara Federal a pedido da Marinha do Brasil, que se instalou nesta região há apenas 50 anos. Se isto acontecer serão 43 famílias com mais de 160 crianças que estarão sem eira nem beira e somente com promessa da prefeitura de alojá-los provisoriamente em uma escola do município de Simões Filho.


No próximo dia 04 de novembro de 2011 a comunidade poderá ter destruído todo seu patrimônio histórico, suas casas, suas fruteiras, as ruínas que guardam restos mortais dos escravos que habitaram o território, as marcas do cativeiro, instrumentos de tortura, as plantações e toda sua história.


A comunidade Rio dos Macacos é uma comunidade negra rural que se auto-identifica comunidade quilombola, já certificada pela Fundação Cultural Palmares e com processo aberto para regularização fundiária pelo INCRA. Esta comunidade habita este território há mais de duzentos anos, tem várias pessoas idosas com mais de 100 anos que já nasceram na comunidade e a Marinha, agora, os acusa de invasores e entraram com uma ação de Reivindicatória para desalojar a comunidade do seu território a fim de ampliar o condomínio para os seus oficiais.


Desde que a marinha passou a ocupar aquele espaço tornou a vida da comunidade um verdadeiro inferno: passou a impedir o direito de ir e vir da comunidade, a intimidar as famílias, ameaçar homens, mulheres, idosos e crianças com armas de alto calibre, limitar a visita de familiares, espancar trabalhadores que trabalhavam na roça a fim de impedir a subsistência e deslegitimar a ocupação da comunidade, impediu o direito de crianças irem estudar tendo como consequência o alto índice de analfabetismo da comunidade, impediu que a comunidade pescasse, prendendo, espancando sempre que encontrasse os pescadores exercendo a atividade, impediu a comunidade de ter acesso a água tratada, energia e melhoria da estrada, derrubaram casas de moradores. Sempre impediu que o serviço de emergência chegasse a comunidade acarretando mortes, partos na estrada por falta de socorro. Já prenderam inúmeras vezes, na Base Naval pessoas da comunidade quando retornava do trabalho.


A marinha entrou com um pedido de despejo da comunidade junto a 10ª Vara Federal em 2009. A comunidade procurou a Defensoria Pública da União que atuou no caso sem recorrer da decisão do Juiz. Só recentemente a comunidade passou a contar com apoio jurídico e de movimentos sociais. Várias famílias que não participaram do processo pediram na justiça o embargo da liminar. O Ministério Público Federal visitou a área e comprovou a existência da comunidade e irregularidades e entrou com uma Ação Civil Pública.


Em audiência no ultimo dia 20 de outubro o juiz deu a entender que iria manter a liminar.


Pedimos a todos que apoiem a comunidade mandando cartas para o Juiz da 10ª Vara, Evandro Reimão dos Reis, para Presidenta Dilma Roussef para que intermedeie junto ao ministério da defesa e a AGU. À AGU a fim de que suspendam a ação e instalem um processo de diálogo com a comunidade, ao Ministério da Defesa a fim de que me die com a Marinha do Brasil para que parem com as ações arbitrárias e suspendam a ação. Para a Fundação Palmares e o INCRA para que entrem urgente no caso como partes da ação e concluam com a maior brevidade possível a titulação das terras pertencentes a Comunidade Quilombola. Para o Governador Jaques Wagner para que me die o conflito em favor da comunidade.


Certos do compromisso, solidariedade agradecemos a colaboração de todos!


Movimento dos Pescadores, Pescadoras e Quilombolas – Regional Recôncavo

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Atriz vai processar policiais por abuso de autoridade


Foto: Agnews
A atriz Thalma de Freitas, de 37 anos, vai processar dois cabos do 23º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro por abuso de autoridade.
No final da tarde desta sexta-feira, 14, a atriz estava voltando da casa de seu namorado, que fica em um condomínio perto do Morro do Vidigal, no Leblon, quando foi aborda pelos policiais. Segundo ela, os PMs fizeram uma revista, mas não encontraram nada e, mesmo assim, a encaminharam no carro da polícia para a delegacia da região."Fiquei muito calma, na paz da minha inocência. A delegada não me obrigou, mas fiz questão de ser revistada pela policial feminina. Colaboro para o processo contra abuso de autoridade de policiais. O que houve é comum para muita gente, hoje falo por quem não tem voz", escreveu a atriz em sua página do Twitter.Indignada com a situação, Thalma escreve: “É a primeira vez que passo por essa humilhação. Não há outra coisa a fazer exceto processá-los por abuso de poder. Por que a loura que estava sendo revistada antes de mim não veio para cá? Será que artistas como eu e moradores do Vidigal, negros como eu, precisam passar por isso? Será que temos que ter medo da polícia? Por que estou aqui? Sou suspeita de quê? Gostaria que eles me explicassem".Os policiais acusados de abuso de poder são os cabos Menezes e Rodrigues. Ambos alegaram que o procedimento foi algo normal, já que a região onde Thalma foi abordada é considerada de risco. 
o impeça de enxergar um Ser Humano..."
"Não deixe que as grades do cárcere...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sem Maçonaria, não teria havido a Abolição.

Sem Maçonaria, não teria havido a Abolição.
E sem cinco grandes maçons negros do século XIX - Rebouças, Patrocínio, Gama, Paula Brito e Montezuma - a luta pela libertação negra não seria tão marcante e fundamental.

Por Carlos Nobre

Após a morte em 24 de agosto de 1882 do advogado negro Luiz Pinto da Gama, em São Paulo - cujo sepultamento fora acompanhado por cerca de 3 mil pessoas numa cidade que, na época, tinha 46 mil habitantes - o promotor de justiça e depois juiz Antônio Bento, formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco de São Paulo, jurou diante do túmulo de Gama em continuar sua obra abolicionista

Para tal empreitada, ele organizou uma sociedade secreta chamada "Os Cai fazes", cujos membros eram recrutados em todas as camadas sociais e nas três principais lojas maçônicas de São Paulo: " América", " Piratininga" e " Amizade".

Essa sociedade retirava a força das fazendas paulistas os escravos e os encaminhava para o Quilombo de Jabaquara, em Santos, ou então para quilombos do Rio de Janeiro (Castellani: 1998).

Já o enterro de José do Patrocínio, jornalista mulato, morto em 30 de janeiro de 1905, contou com um roteiro previamente traçado pelos líderes abolicionistas, para que diversos oradores se revezassem em discursos de louvação ao morto ilustre em determinados lugares da cidade - como a Praça Tiradentes, Campo de Santana, por exemplo -, até chegar ao Cemitério do Caju, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro ( Junior: 1969).

Patrocínio, nos anos 1880 do século XIX, se tornara a face popular/militante do movimento abolicionista, travando lutas ideológicas intermináveis com os representantes das elites escravocratas. Era uma mistura de Espartaco com Desmoulins (Nabuco: 1999).

Sua figura pública também expressava a articulação nacional/internacional do movimento abolicionista, que, desde dos anos 1920 do século XIX, vinha ganhando espaço/corpo na opinião pública nacional ( Albuquerque: 1970).

Embora sintetizasse o símbolo do pensador estrutural do movimento abolicionista, o engenheiro mulato André Rebouças, no entanto, não teve um sepultamento grandioso como os de Gama e Patrocínio, pois, morrera, no exílio, em Funchal, na Ilha da Madeira, Portugal, em 9 de maio de 1898, e seu corpo chegara dias depois ao Rio de Janeiro ( Santos: 1985).

No entanto, seus amigos e a direção da então Escola Politécnica, no Largo de São Francisco, no Rio de Janeiro, da qual fora aluno, professor e pioneiro em introduzir novas cadeiras de engenharia civil, prestaram-lhe homenagens que se estenderam até o século XX.

Na verdade, ele era um ícone para demais abolicionistas, pois, com sua rara inteligência, era uma espécie de civilizador do século XIX, segundo o historiador José Murilo de Carvalho, na orelha da obra de Maria Alice Rezende Carvalho, onde ele estuda a trajetória de Rebouças (Carvalho: 1998).

Outros dois negros também se destacaram nas lutas sociais do início do século XIX. O primeiro deles é o médico e advogado Francisco Barbosa Gê Acayaba Montezuma, que chegou a ser a maior autoridade maçônica do seu tempo, pois, fora, Grande Comendador Soberano do Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito, organismo que ele trouxe da Bélgica e que disciplinou a maçonaria brasileira ainda ascendente no Brasil.

Em 17 de maio de 1865, Acayaba, o Visconde de Jequitinhonha, apresentou no Senado vários projetos de extinção gradual da escravidão. Entre os quais, se destacam: ao fim de 10 anos dali em diante, seria concedida liberdade para escravos maiores de 15 anos e ao fim de 15 anos liberdade para os demais, com a cláusula segundo a qual os senhores de escravos seriam indenizados pelo fim do trabalho escravo. Era proposta conciliatória, bem peculiar dos liberais da época, onde não queriam desagradar aos senhores de escravos nem se assemelharem com refinados escravocratas.

Conservador e " caramuru " ( partidário de Dom Pedro I no período das regências) , Montezuma chegou a ser ministro de estado duas vezes e fundou a Ordem dos Advogados do Brasil e Instituto Histórico Geográfico do Brasil ( Aslan: 1973).

Consta ainda que Montezuma fora o primeiro integrante do governo de Dom Pedro I a se posicionar contra a escravidão no Brasil, segundo o Barão do Rio Branco, também maçom, e autor do lei do ventre livre.

Trajetória não menos surpreendente pertence a outro mulato, o livreiro Francisco de Paula Brito, descobridor do talento de Machado de Assis e editor do primeiro romance no Brasil, o " O Filho do Pescador" ( 1843), de outro mulato, o escritor cabo friense Antônio Gonçalves Teixeira e Souza.

De origem humilde, Paula Brito, que nasceu liberto, fora um dos primeiros tipógrafos brasileiro da Corte, cujo mercado, na época, era monopolizado pelas tipografias francesas Nacional, Ogier e Plancher. ( Lima: 2004).

Ao lado de sua tipografia, na Praça Tiradentes, num clube criado e intitulado por ele de "Sociedade Petalógica", se reunia a nata da literatura brasileira da época que tornara o local o centro da vida literária da Corte ( Azevedo:1998).

Paula Brito foi um dos primeiros afrodescendentes a participar dos debates raciais no início do século XIX ao lançar, em 1833, o jornal " O Homem de Cor", num momento de surto nativista, onde os brasileiros procuravam valorizar suas origens étnicas em relação aos colonizadores portugueses.

Na época, em livrarias, bares, lojas comerciais, ruas e praças da Corte discutia-se a identidade racial brasileira em contraponto a cor europeia, e a imprensa fora um campo privilegiado onde esse debate se visibilizou.

Havia uma mídia negra, digamos, assim, que repercutia a discussão racial através de jornais com títulos bem sugestivos, tais como " O Crioulinho", " O Crioulo", "O Brasileiro Pardo" e outros ( Lima: 2004).

Um traço marca a trajetória de todos estes cinco homens do século XIX: todos eram maçons em Lojas cariocas e paulistas, e levaram para dentro da ordem maçônica a luta contra o escravismo.

Também entre eles figurava o maestro mulato Carlos Gomes, autor da ópera o " O escravo", também maçom, só que sem a militância dos demais.

A maçonaria incorporou as propostas abolicionistas e a e o fim do trabalho escravo entrou na ordem do dia de diversas lojas, provocando contradições e discussões complicadas sobre o negro e sua perspectiva de liberdade na sociedade brasileira.

Neste sentido, Gama, Patrocínio, Rebouças, Montezuma e Paula Brito, talvez tenham sido os afrodescendentes que mais se destacaram numa sociedade antagônica a eles, naquele período, pois, eram homens com personalidades-alma complexas: embora nascidos livres, sentiam dores internas profundas ao verem a totalidade dos negros fazendo os serviços mais pesados e humilhantes da sociedade brasileira. Para eles, a liberdade do escravo entrou na ordem do dia de suas ações políticas.

Enquanto os demais negros estavam atados a correntes, eles, os maçons negros, podiam ter escravos e ascenderem naquela sociedade, pois, estavam articulados com instâncias superiores do poder que facultavam a eles uma certa ascensão em meio a negregada sem direitos.

Mesmo por isso, eles fundamentaram suas vidas em defesa da liberdade escrava, pois, sabiam, que, naquela forma de organização da sociedade, estava contra as novas tendências de sociedade - principalmente o capitalismo, que implicava um novo sistema, ou seja, a venda da mão-de-obra no mercado de trabalho.

Diante destas apresentações políticos-estratégicas, perguntamos: como foi possível, numa sociedade escravocrata, afrodescendentes livres da escravidão, ingressarem em sociedades secretas e se tornarem militantes fundamentais da causa abolicionista, esgrimindo críticas radicais até contra as próprias ideologias dos estratos sociais que, de certo modo, favoreceram suas ascensões?

Em que medida, esta ascensão social faz parte de um esforço pessoal de "subir na vida" e não do favor, tão comum na época ? Em que medida suas ligações maçônicas facilitaram a propagação das ideias abolicionistas ? De que modo suas vozes e trajetórias raras - para os demais mulatos livres da sociedade escravocrata - não teriam um limite político-ideológico, pois, eles, eram, por outro lado, ligados as elites urbanas? E, por fim, que tipo de contribuição político-estratégica é possível identificar nessas trajetórias para futuras ações negras no Brasil?

Acho muito difícil responder estas perguntas em virtude da magnitude dos problemas levantados através delas. Neste sentido, acho mais importante perseguir algumas pistas deixados por eles e por outros para entender uma época chave de libertação negra na corte imperial.

Tenório de Albuquerque, em A maçonaria e a inconfidência mineira, mostra como a maçonaria brasileira foi diretamente influenciada pela francesa, e que o ambiente revolucionário daquele país impactou os maçons brasileiros, que viam na escravidão um entulho a ser removido para a modernização política do país. " A maçonaria lutava intimoratamente pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade, combatia a exploração do Homem pelo Homem", escreve ele.

Claro, era uma explicação liberal que atendia a determinados pressupostos históricos sobre ascensão negra e maçonaria no século XIX, um dois mais politizados da história brasileira, devido às tentativas constantes de mudanças provocadas através de movimentos populares.

Então, a influência francesa no Brasil ganha uma dimensão particular, pois, os principais líderes da Revolução Francesa eram maçons ( Desmoulins, Marat, Mirabeau, Robespierrre, Danton) juntamente com os enciclopedistas Diderot, Voltaire e Court de Geblin.

A maçonaria europeia do século XVIII, além de seu caráter iluminista, era "escolas práticas de governo", segundo Célia Marinho Azevedo, em Maçonaria, cidadania e a questão racial no Brasil escravagista, baseando-se em estudiosos europeus.

No Brasil, a maçonaria esteve desde cedo combatendo a escravidão. Em 1798, em Salvador, uma das (supostas) primeiras lojas maçônicas, a " Cavaleiros da Luz", ajudou aos escravos a iniciar a Revolta dos Alfaiates, inaugurando a primeira revolução social brasileira. Não se sabe da presença de maçons negros na " Cavaleiros da Luz".

Mas, por volta de 1820, encontramos maçons negros participando das primeiras lutas contra a escravidão, de acordo com Albuquerque, em Os maçons e a abolição da escravatura, tendo como aliados intelectuais urbanos maçons, que, também sonhavam com o fim da monarquia e a instauração da república.

Em geral, o papel dos " bodes negros" ( bode é como é apelidado o maçom brasileiro) era o de ser o elo de ligação do liberalismo das lojas e a sociedade civil, ou seja, as idéias discutidas em loja maçônica, podiam ser aplicadas para a reforma política do estado e da sociedade civil.

Em São Paulo, em meados do século XIX, Luiz Gama era o advogado da loja " América" dedicado a libertar escravos através de ações judiciais ou mesmo tirando-os à força das fazendas e, depois, encaminhado-os para esconderijos articulados com a luta abolicionista como o Quilombo de Jabaquara, em Santos. Gama se tornara, então, um herói popular em todo o Brasil, e é provável que tenha libertado centenas de escravos em ações judiciais, segundo ( Azevedo; 1999).

Existem várias biografias sobre André Rebouças. Destacamos algumas delas, quais sejam: André Rebouças, de José Louzeiro; André Rebouças e seu tempo, de Sidney G. dos Santos; O quinto século. André Rebouças e a construção do Brasil, de Maria Alice Rezende de Carvalho, e André Rebouças. Reforma e utopia no contexto do segundo reinado, de Joselice Juca.

Esses autores enfatizam a inteligência, o caráter e a capacidade de Rebouças em pensar a ação abolicionista para frente, ou seja, Rebouças, previa, após a Abolição, a instalação da reforma agrária, onde os libertados poderiam receber terras para desenvolver atividades agrícolas, já como cidadão livre dos grilhões. Maçom, de uma loja não identificada, possivelmente a "União e Tranquilidade", do Rio de Janeiro, ao qual pertencia Patrocínio, Rebouças fora amigo de outro maçom negro famoso, o maestro Carlos Gomes, que, no entanto, nunca foi um militante das causas abolicionistas.

Cyro Flamarion Cardoso organizou estudos variados no livro Escravidão e Abolição no Brasil, onde cita autores que mostram que o processo abolicionista foi um movimento social urbano, apoiado pelas massas excluídas do processo de cidadania, com base na classe média, sem posses agrárias, que surgia nas cidades, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. Este fato fica bem claro ao acompanharmos a trajetória de Patrocínio em A vida turbulenta de José do Patrocínio, de Raimundo Magalhães Jr., onde as redes de relações do jornalista estavam mais fincadas em novas elites urbanas, sustentadas pelo positivismo e pelas ideias republicanas, que, dos meados do século XIX até 1889, caminharam juntas com o processo abolicionista.

Neste sentido, ao nos aproximarmos, por exemplo, da análise dos jornais abolicionistas (existiram vários), é necessário também consultar os jornais de linha escravocratas, que também exprimiram as reações das elites agrárias expressas em golpes regimentais na Câmara e Senado para que leis abolicionistas não fossem aprovadas; manipulações de processos jurídicos; cooptação de líderes abolicionistas; apadrinhamentos e aplicação de políticas imigracionistas, entre outras reações ao fim da escravidão no Brasil no século XIX.

Fonte desta informação Histórico / Cultural: www.glomaron.org

Naquela época, assim falavam os meus, os seus, os nossos antepassados NEGROS, para se expressar quando não sabiam ler e escrever: "EU NÃO ALISEI O BANCO DA CIÊNCIA", isto é, quando não tinham nenhum tipo ou forma de estudo ou formação acadêmica, assim como é o meu caso.

Uma pergunta que não quer calar, em que dirijo "especialmente" aos Brasileiros NEGROS, do porque somente o "foco" principal só se restringe ao Grande Herói ZUMBI DOS PALMARES, e não procuram enriquecer com outros nomes NEGROS que foram citados na matéria Histórico / Cultural acima?

Os jovens principalmente os NEGROS precisam e devem saber, para se orgulharem mais e mais, que outros NEGROS / MAÇÔNICOS "intelectuais" acadêmicos e formadores de opinião também lutaram através / junto da MAÇONARIA, que deu a sua GRANDE CONTRIBUIÇÃO para a ABOLIÇÃO da Escravatura no Brasil, que são esquecidos pelos próprios Brasileiros NEGROS, que se travestem de... "intelectuais" mas que nada contribuem para a continuidade da luta de nossos GRANDES HERÓIS NEGROS MAÇÔNICOS, que a História do Brasil procura esquecer com a conivência conivente destes Brasileiros NEGROS que se dizem intelectuais que só olham para o próprio "UMBIGO" para galgar ou conseguir serem "ministros-chefes ou presidentes / diretores" de algum Órgão que dizem que foram criados para DEFENDER, OUVIR, PROTEGER, DIALOGAR, etc., os Brasileiros NEGROS, sejam eles Municipais, Estaduais e principalmente os Federais / Secretaria da Igualdade Racial-SEPPIR, Fundação Cultural Palmares e tantas e tantas Superintendências etc., etc., etc. que apenas... existem, mas... "NÃO É PARA FUNCIONAR" e sim para serem... puro e simplesmente ... CURRAL eleitoral dos eleitores Brasileiros NEGROS, que continuem a serem... ENGANADOS, assim como "eles" fizeram com os nossos antepassados com... "QUINQUILHARIAS" e nos dias de hoje continuam dando / oferecendo "empreguinhos temporários" ou as já famosas... "PUXADINHAS" para ficarem calados e eles aceitam.

Este Brasileiros NEGROS esqueceram ou FINGEM que esqueceram de dar continuidade a nossa LUTA ABOLICIONISTA para que os nossos DIREITOS CIVIS sejam respeitados assim como a LIBERDADE DE EXPRESSÃO que é constantemente AMORDAÇADA e SUFOCADA.

Onde estão os descendentes de: Rebouças, Patrocínio, Gama, Paula Brito e Montezuma?

Será que a dita elite intelectual de Brasileiros NEGROS poderiam nos informar para enriquecer mais e mais os companheiros do nosso HERÓI ZUMBI DOS PALMARES que deu a vida pela nossa ABOLIÇÃO... não concluída.

Assim a MAÇONARIA contribuiu e MUITO para a nossa ABOLIÇÃO / LIBERTAÇÃO, mas... como é costume / praxe deste Brasil / CORRUPTO, VIOLENTO, RACISTA e outros Substantivos, Adjetivos, Pronomes, Verbos, Advérbios, Preposições, Conjunções, Interjeições, etc., etc., etc., omitir as informações Históricas / Culturais de uma forma VERGONHOSA, dos que lutaram... "REALMENTE" contra a Escravidão no Brasil, focando somente e unicamente no nome do nosso HERÓI NEGRO ZUMBI DOS PALMARES

Assim sendo a nossa VERDADEIRA HISTÓRIA vai sendo esquecida e interna para que as futuras gerações de Brasileiros NEGROS, desconheçam e saibam quem foram: REBOUÇAS, PATROCÍNIO, GAMA, PAULA BRITO e MONTEZUMA.

Quem sabe que, com estas informações Históricas / Culturais através da MAÇONARIA o Brasil seria menos... RACISTA INSTITUCIONAL e nós Brasileiros NEGROS seríamos mais... RESPEITADOS.

Graças a MAÇONARIA estou conhecendo estes GRANDES VULTOS NEGROS MAÇÔNICOS da nossa História do Brasil que é negada e escondia através dos currículos / oficiais / institucionais / escolares.

J. Reis Dualibi

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Um pouco de História da Dança


História da Dança
Fonte
História da Dança - Palladino Dança Social

www.palladino.com.br/site_historia.htm

Batuque: Dança de origem africana, caracterizada por requebros, palmas e sapateados, acompanhados ou não de canto. Por extensão, nome de certos ritmos marcados por forte percussão.

Be Bop: É um tipo de Jazz sofisticado. Anos 40.

Bolero: Um dos avós do Mambo, Chá Chá Chá e Salsa, nasceu na Inglaterra passando pela França e Espanha com nomes variados(dança e contradança). Mais tarde um bailarino espanhol, Sebastian Cerezo, fez uma variação baseadas nas Seguidillas, bailados de ciganas, cujos vestidos eram ornados com pequenas bolas(as boleras).Cantores mais famosos: Agustin Lara, Bienvenido Granda, Lucho Gatica, Gregório Barros, Pedro Vargas, Consuelo Velasquez, Armando Mazanera, Trio Irakitã e recentemente Luis Miguel.
Bossa Nova: Movimento renovador da música popular brasileira, surgido no Rio de Janeiro, na década de 1950. Caracterizou-se por harmonias elaboradas e letras coloquiais.

Calypso: Nasceu no carnaval de Trinidad e Tobago. Tinha no seu início um clima de "duelo" político.Cantores mais famosos: Harry Belafonte

Carimbó: Música folclórica da Ilha de Marajó desde o século XIX.Cantores mais famosos: Verequete, Pinduca, Milton Yamada.

Chá Chá Chá: Dança derivada do Danzon cubano, que se seguiu ao Mambo. O nome foi tirado do barulho feito pelos dançarinos nas pistas de dança. Popularizou-se no mundo com as formações das Big Bands, onde havia claro predomínio de instrumentos de sopro.Cantores mais famosos: Orquestra Aragón e Fajardo y sus Estellas.

Dance Music: Nasceu na Alemanha, na metade dos anos 70, por um dos homens fortes de Donna Summer. Hoje quem mais fatura com a Dance Music são os japoneses

Descarga: Foi a mãe da salsa. Surgiu com a união de diversos músicos tocando o que queriam, em grandes shows. Fusão entre a música latina, rigidamente estruturada e o improviso do Jazz.

El Son: Antiga forma musical popular em Cuba.

Forró: Designação popular dos bailes frequentados e promovidos por migrantes nordestinos nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Teve origem nas festas oferecidas pelos ingleses aos empregados que construíam estrada de ferro.
Habanera: Gênero de música e dança cubana, em compasso binário, que influenciou o Tango, o Maxixe e a música popular de quase todos os países hispano-americanos. Popular no século XIX, foi utilizada por grandes compositores, como Bizet, Albéniz e Ravel.

Jive: Uma mistura de Rock com Boogie Woogie americanos.

Lambada: Nasceu da adaptação do Carimbó eletrificado ao Merengue em 1976, Belém do Pará.Cantores mais famosos: Beto Barbosa, Márcia Ferreira, Manelzinho do Sax, Grupo Kaoma.

Lindy Hop: é uma dança que surgiu entre 1920 e 1930, no Harlem em New York, como uma mistura de outras danças: o breakaway, o Charleston e o sapatedado. Ele é dançado ao som principalmente de swing das Big Bands. O nome "lindy hop" surgiu do primeiro vôo solo cruzando o Oceano Atlântico, realizado em 1927 por Charles Lindbergh. O feito teve tanto êxito e repercussão que Lindbergh tornou-se imediatamente herói nacional. Devido à coincidência com o surgimento dos primeiros movimentos da crazy dance, esta foi batizada de lindy (de Lindbergh) e hop (salto, pulo). E foi do lindy hop, de sua enorme riqueza coreográfica, de seus loucos passos aéreos e solos que, mais tarde, a partir dos anos 50, surgiram os mais diferentes estilos de rock and roll e swing, como o jive, o rock acrobático e outras variações

Lundum: Conhecido também como Lundu, Landu ou Lundu. Dança e canto de origem africana, baseados em sapateados, movimentos acentuados de quadris e umbigadas. Trazidos para o Brasil(Pará) por escravos Bantos no século XVIII. Nessa mesma época os escravos praticam-no no Rio de Janeiro, onde constituiu uma das origens do Samba e da Chula.Cantores mais famosos: grupos folclóricos.

Mambo: Nasceu em Cuba e virou uma salada musical. Tem como antepassados os ritmos afro-cubanos derivados de cultos religiosos no Congo. Seu nome vem da gíria usada pelos músicos negros("Estás Mambo"-tudo bem com você?-) que tocavam El Son nas charangas(bandas locais cubanas). Perez Prado adicionou metais nas charangas e foi de fato o primeiro a rotular essa nova versão de El Son de Mambo. Invadiu os E.U.A. nos anos 50.Cantores mais famosos: Prez Prado, Xavier Cugat,Tito Puente e Beny Moré.

Merengue: Ritmo veloz e malicioso, nascido na República Dominicana, tem o seu nome derivado do jeito que os dominicanos chamavam os invasores franceses no século XVII(merenque).Cantores mais famosos: Juan Luis Guerra e Walfrido Vargas.

Milonga: Popular das zonas próximas ao estuário do rio da Prata, interpretada com acompanhamento de violão.

Pagode: Variação do samba que apresenta características do choro, tem estilo romântico e andamento fácil para dançar. Obteve grande sucesso comercial no início da década de 1990.

Passo doble: Nasceu há três séculos, na Espanha, junto com as touradas. Tem o mesmo ritmo quente e apaixonante desse espetáculo.

Polca: Dança e música originária da Boêmia, popular em meados do século XIX nos salões europeus. Caracteriza-se pelo movimento rápido, em compasso binário e andamento alegreto.

Quick Step: Ritmo americano que como o próprio nome diz, é rápida e cheia de pulinhos.

Reggae: Estilo musical que uniu os ritmos caribenhos com o Jazz e o Rhythm and Blues. Símbolo dos movimentos político-sociais jamaicanos nas décadas de 1960 e 1970. Seus principais intérpretes são Bob Marley, Peter Tosh e Jimmy Cliff.

Rock And Roll: ou simplesmente Rock, é o estilo musical que surgiu nos Estados Unidos em meados da década de 1950 e, por evolução e assimilação de outros estilos, tornou-se a forma dominante de música popular em todo o mundo. Os elementos mais característicos do estilo são as bandas compostas de um ou mais vocalistas, baixo e guitarras elétricas muito amplificadas, e bateria. Também podem ser usados teclados elétricos e eletrônicos, sintetizadores e instrumentos de sopro e percussão diversos.Do ponto de vista musical, o Rock surgiu da fusão da música Country, inspirada nas baladas da população branca e pobre do Kentucky e de outras regiões rurais do centro dos Estados Unidos, de estilo épico e narrativo; e do Rhythm and Blues, por sua vez uma fusão dos primitivos cantos de trabalho negros e do Jazz instrumental urbano. Inicialmente de música muito simples, era um estilo de forte ritmo dançante. Entre os primeiros cantores e compositores, quase todos negros, destacaram-se Chuck Berry, Little Richards e Bill Halley, este líder de uma banda conhecida no Brasil com o nome de Bill Haley e seus Cometas, que gravou a pioneira Rock Around the Clock. As letras das canções da época referiam-se, de forma inculta e irreverente, a temas comuns ao universo dos jovens, como amor, sexo, crises da adolescência e automóveis. Utilizavam percussivamente o som das palavras e também sílabas soltas e onomatopaicas, como be-bop-a-lula, que deu nome a uma canção.Elvis Presley foi o primeiro grande astro do Rock e da emergente indústria fonográfica. Apoiadas sobretudo no sucesso do gênero, as gravadoras americanas transformaram-se em impérios financeiros e, em sua intenção de tornar o rock atraente a uma maior audiência, promoveram transformações que descaracterizaram a vitalidade inicial do movimento. No início da década de 1960, no entanto, o Rock inglês explodiu com uma carga de energia equivalente à dos primeiros músicos americanos do estilo e seu sucesso logo conquistou o público jovem americano. Destacaram-se no período The Beatles, banda inglesa cuja música foi influenciada diretamente pelos primeiros compositores do Rock. Tipicamente agressiva era a postura dos Rolling Stones, a mais duradoura das bandas da época, ainda em atividade na década de 1990. A sonoridade das palavras voltou eventualmente a ser mais importante que o sentido, na tentativa de descrever experiências com o uso de alucinógenos. Na América, Bob Dylan tornou-se conhecido com o Folk Rock, que unia os ritmos do Rock às baladas tradicionais da música Country. Sua música encerrava uma mensagem política em linguagem poética. Progressivamente, as letras das canções passaram a abordar os mais variados assuntos, em tom ora filosófico e contemplativo, ora ácido e mordaz. A música passou também por um processo de maior elaboração e surgiram os solistas de grande virtuosismo, sobretudo guitarristas, e arranjos com longas partes instrumentais de complexa orquestração. A cantora Janis Joplin, o guitarrista Jimi Hendrix e o cantor Jim Morrison, do The Doors, representam um período de fértil experimentação musical do estilo. Na década de 1970, surgiram inúmeros subgêneros, como o Rock progressivo do Pink Floyd, basicamente instrumental e conectado com a música erudita; o Technopop do Alan Parsons Project, que explorava o sintetizador e as técnicas de estúdio; o Art Rock, ligado ao artista pop Andy Warhol e aos músicos John Cale e Lou Reed; o Heavy Metal do Kiss e do Van Halen e o Punk Rock do Sex Pistols, surgido no movimento punk, que levou a extremos a intensidade sonora dos instrumentos e a agressividade das letras e atitudes; o glitter de Alice Cooper e David Bowie, que acentuou o lado andrógino dos cantores, com figurinos exóticos e pesada maquiagem; e o Pop Rock, fusão do estilo a gêneros mais comerciais, com larga utilização de instrumentos eletrônicos.

Rumba: O embalo sensual da Rumba nasceu como dança da fertilidade em que os passos dos bailarinos imitavam a corte dos pássaros e animais antes do acasalamento. Durante a dança, há sempre um elemento de insinuação e fuga.

Salsa: Ritmo musical desenvolvido a partir da segunda metade do século XX com contribuições da música caribenha e de danças folclóricas dessa região, como a Conga e o Mambo. Em seu acompanhamento predominam os instrumentos de percussão.

Samba: dança popular e gênero musical derivado de ritmos e melodias de raízes africanas, como o Lundu e o Batuque. A coreografia é acompanhada de música em compasso binário e ritmo sincopado. Tradicionalmente, é tocado por cordas (cavaquinho e vários tipos de violão) e variados instrumentos de percussão. Por influência das orquestras americanas em voga a partir da segunda guerra mundial, passaram a ser utilizados também instrumentos como trombones e trompetes, e, por influência do Choro, flauta e clarineta. Apesar de mais conhecido atualmente como expressão musical urbana carioca, o samba existe em todo o Brasil sob a forma de diversos ritmos e danças populares regionais que se originaram do Batuque. Manifesta-se especialmente no Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Como gênero musical urbano, o Samba nasceu e desenvolveu-se no Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX. Em sua origem uma forma de dança, acompanhada de pequenas frases melódicas e refrões de criação anônima, foi divulgado pelos negros que migraram da Bahia na segunda metade do século XIX e instalaram-se nos bairros cariocas da Saúde e da Gamboa. A dança incorporou outros gêneros cultivados na cidade, como Polca, Maxixe, Lundu, Xote etc., e originou o samba carioca urbano e carnavalesco. Surgiu nessa época o Partido Alto, expressão coloquial que designava alta qualidade e conhecimento especial, cultivado apenas por antigos conhecedores das formas antigas do samba. Em 1917 foi gravado em disco o primeiro Samba, Pelo telefone, de autoria reivindicada por Donga (Ernesto dos Santos). A propriedade musical gerou brigas e disputas, pois habitualmente a composição se fazia por um processo coletivo e anônimo. Pelo telefone, por exemplo, teria sido criado numa roda de partido alto, da qual participavam também Mauro de Almeida, Sinhô e outros. A comercialização fez com que um samba passasse a pertencer a quem o registrasse primeiro. O novo ritmo firmou-se no mercado fonográfico e, a partir da inauguração do rádio em 1922, chegou às casas da classe média. Os grandes compositores do período inicial foram Sinhô (José Barbosa da Silva), Caninha (José Luís Morais), Pixinguinha (Alfredo da Rocha Viana) e João da Baiana (João Machado Guedes). Variações surgiram no final da década de 1920 e começo da década de 1930: o Samba-Enredo, criado sobre um tema histórico ou outro previamente escolhido pelos dirigentes da escola para servir de enredo ao desfile no carnaval; o Samba-Choro, de maior complexidade melódica e harmônica, derivado do choro instrumental; e o Samba-Canção, de melodia elaborada, temática sentimental e andamento lento, que teve como primeiro grande sucesso Ai, ioiô, de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luís Peixoto, gravado em 1929 pela cantora Araci Cortes. Também nessa fase nasceu o samba dos blocos carnavalescos dos bairros do Estácio e Osvaldo Cruz, e dos morros da Mangueira, Salgueiro e São Carlos, com inovações rítmicas que ainda perduram. Nessa transição, ligada ao surgimento das escolas de samba, destacaram-se os compositores Ismael Silva, Nilton Bastos, Cartola (Angenor de Oliveira) e Heitor dos Prazeres. Em 1933, este último lançou o samba Eu choro e o termo "breque" (do inglês break, então popularizado com referência ao freio instantâneo dos novos automóveis), que designava uma parada brusca durante a música para que o cantor fizesse uma intervenção falada. O Samba-de-Breque atingiu toda sua força cômica nas interpretações de Moreira da Silva, cantor ainda ativo na década de 1990, que imortalizou a figura maliciosa do sambista malandro. O Samba-Canção, também conhecido como samba de meio do ano, conheceu o apogeu nas décadas de 1930 e 1940. Seus mais famosos compositores foram Noel Rosa, Ari Barroso, Lamartine Babo, Braguinha (João de Barro) e Ataulfo Alves. Aquarela do Brasil, de Ari Barroso, gravada por Francisco Alves em 1939, foi o primeiro sucesso do gênero Samba-Exaltação, de melodia extensa e versos patrióticos. A partir de meados da década de 1940 e ao longo da década de 1950, o samba sofreu nova influência de ritmos latinos e americanos: surgiu o Samba de Gafieira, mais propriamente uma forma de tocar -- geralmente instrumental, influenciada pelas orquestras americanas, adequada para danças aos pares praticadas em salões públicos, gafieiras e cabarés -- do que um novo gênero. Em meados da década de 1950, os músicos dessas orquestras profissionais incorporaram elementos da música americana e criaram o Sambalanço. O partido alto ressurgiu entre os compositores das escolas de samba dos morros cariocas, já não mais ligado à dança, mas sob a forma de improvisações cantadas feitas individualmente, alternadas com estribilhos conhecidos cantados pela assistência. Destacaram-se os compositores João de Barro, Dorival Caymmi, Lúcio Alves, Ataulfo Alves, Herivelto Martins, Wilson Batista e Geraldo Pereira. Com a Bossa Nova, que surgiu no final da década de 1950, o samba afastou-se ainda mais de suas raízes populares. A influência do Jazz aprofundou-se e foram incorporadas técnicas musicais eruditas. O movimento, que nasceu na zona sul do Rio de Janeiro, modificou a acentuação rítmica original e inaugurou um estilo diferente de cantar, intimista e suave. A partir de um festival no Carnegie Hall de Nova York, em 1962, a bossa nova alcançou sucesso mundial. O retorno à batida tradicional do samba ocorreu no final da década de 1960 e ao longo da década de 1970 e foi brilhantemente defendido por Chico Buarque de Holanda, Billy Blanco e Paulinho da Viola e pelos veteranos Zé Kéti, Cartola, Nelson Cavaquinho, Candeia e Martinho da Vila. Na década de 1980, o Samba consolidou sua posição no mercado fonográfico e compositores urbanos da nova geração ousaram novas combinações, como o paulista Itamar Assunção, que incorporou a batida do Samba ao Funk e ao Reggae em seu trabalho de cunho experimental. O Pagode, que apresenta características do Choro e um andamento de fácil execução para os dançarinos, encheu os salões e tornou-se um fenômeno comercial na década de 1990.


Soca: Nasceu no carnaval de Trinidad e Tobago. É uma abreviação de soul-cum-calypso.

Tango: surgido como criação anônima dos bairros pobres e marginais de Buenos Aires, o tango argentino tradicional tornou-se mundialmente famoso na voz de Carlos Gardel e, adaptado a uma estética moderna, com as composições instrumentais de Astor Piazzolla. Tango é uma música de dança popular que nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, no final do século XIX. Evoluiu a partir do candombe africano, do qual herdou o ritmo; da Milonga, que inspirou-lhe a coreografia; e da Habanera, cuja linha melódica assimilou. Chamado pelos argentinos de "música urbana", tem a peculiaridade de apresentar letras na gíria típica de Buenos Aires, o lunfardo. Os primeiros Tangos, ainda próximos à Milonga, eram animados e alegres. O primeiro cantor profissional de tango, também compositor, foi Arturo de Nava. A partir da década de 1920, tanto a música como a letra assumiram tom acentuadamente melancólico, tendo como principais temas os tropeços da vida e os desenganos amorosos. A temática é freqüentemente ligada à vida boêmia, com menção ao vinho, aos amores proibidos e às corridas de cavalos. As orquestras compunham-se inicialmente de bandolim, bandurra e violões. Com a incorporação do acordeão, a que seguiram a flauta e o bandoneom, o tango assumiu sua expressão definitiva. Dos subúrbios chegou ao centro de Buenos Aires, por volta de 1900. As primeiras composições assinadas surgiram na década de 1910, no período conhecido como da Guardia Vieja (Velha Guarda). A partir daí, conquistou grande popularidade na Europa, com o impulso da indústria fonográfica americana. Os tradicionalistas incriminam a predominância da letra, a partir da década de 1920, como responsável pela adulteração do caráter original do tango. A voz do cantor modificou o ritmo, que já não comportava o mesmo modo de dançar. As figuras mais importantes da Guardia Nueva (Nova Guarda) foram o cantor Carlos Gardel -- cuja voz e personalidade, aliadas à morte trágica num acidente de avião, ajudaram a transformar em mito argentino -- e o compositor Enrique Santos Discepolo. Ao mesmo tempo, compositores europeus, como Stravinski e Milhaud, utilizavam elementos do tango em suas obras sinfônicas. Embora continuasse a ser ouvido e cultuado na Argentina conforme a feição que lhe foi dada por Gardel, o tango começou a sofrer tentativas de renovação. Entre os representantes dessa tendência, figuram Mariano Mores e Aníbal Troilo e, sobretudo, Astor Piazzolla, que rompeu decididamente com os moldes clássicos do tango, dando-lhe tratamentos harmônicos e rítmicos modernos. O Tango -- como o Samba, no Brasil -- tornou-se símbolo nacional com forte apelo turístico. Casas de tango e o culto aos nomes famosos de Gardel e Juan de Dios Filiberto perpetuam o gênero. Ao contrário do samba, no entanto, a criação artística do tango sofreu forte declínio a partir da década de 1950. Dança. Por sua forte sensualidade, o tango foi, a princípio, considerado impróprio a ambientes familiares. O ritmo herdou algumas características de outras danças de casais, como as corridas e quebradas da habanera, mas aproximou mais o par e acrescentou grande variedade de passos. Os dançarinos mais exímios compraziam-se em combiná-los e inventar outros, numa demonstração de criatividade. Fora dos ambientes populares e dos prostíbulos, onde imperava nos subúrbios, o tango perdeu um pouco da lendária habilidade dos bailarinos. Admitido nos salões, abdicou das coreografias mais extravagantes e evitou posturas sugestivas de uma intimidade considerada indecente, numa adaptação ao novo ambiente.

Valsa: Dança de salão derivada do Ländler, popular na Áustria, Baviera e Boêmia. Caracteriza-se pelo compasso ternário da música, pelos passos em que os pés deslizam pelo chão e pelos giros dos pares. Surgiu entre 1770 e 1780

Xote: Tipo de dança de salão de origem alemã, popular no Nordeste do Brasil, executada ao som de sanfonas nos bailes populares. Trazida ao Brasil em 1851 pelo professor de dança José Maria Toussaint, com o nome original de schottische. Também chamada Xótis.

West Coast Swing: Esta dança de rua americana evoluiu ao longo dos últimos cinqüenta anos do mais conhecido estilo retrô de Swing, o Lindy Hop, porém ao contrário do Lindy Hop que se manteve tradicional aderindo às Big Band Jazz e à música dos anos 1920 -1950 ‘s, o West Coast Swing tem se mostrado uma dança viva de evolução constante, seguindo as tendências musicais de cada década e se ajustado para acomodar novos estilos de dança.Na década de 1970 adotou um pouco do estilo da Disco e do Hustle. Hoje, pode ser dançado com a maioria das músicas tocadas nas rádios e incorpora muitos elementos de dança de Hip Hop e Jazz. Isto possibilita dançar West até em boates, em baladas e raves. Focado em improisação e interpretação musical, é a mais versátil das danças atuais, possibilitando a criatividade e improviso dos dançarinos independentemente. Durante décadas o West Coast Swing foi apreciado por milhares de dançarinos de todas as idades em todo os E.U.A. e Canadá, ainda assim atingia um pequeno público, mas com toda a atenção da mídia em desenvolvimento de filmes e programas de TV como “Dancing with the Stars” e “So You Think You Can Dance” – nos E.U.A -, “Bailando por Um sonho” e “Dança dos Famosos” – aqui no Brasil – todos os estilos de dança a dois acabam se tornando mais populares. Destarte, teremos novos dançarinos nas pistas de dança de salão, poderão começar por qualquer outro ritmo, mas quando conhecerem West Coast Swing, se apaixonarão.

Zouk: que significa festa - é uma dança praticada no Caribe (passada), mais frequentemente nas ilhas de Guadalupe, Martinica e San Francisco. Assim como o merengue o zouk é dançado trocando-se o peso basicamente na cabeça dos tempos musicais (o que muitos professores de dança chamam simplesmente de tempo). No Brasil, utiliza-se a música Zouk para uma espécie de dança oriunda da lambada, porém, com movimentos mais adaptados ao andamento da música. A lambada era muito rápida e frenética, impossibilitando muitos passos que existem hoje. A dança zouk brasileira possui hoje vários estilos. Mas a base para a dança nunca deixou de ser a Lambada e os giros e movimentos de braços presentes na Salsa, Soltinho, Rock and Roll e Forro entre outros. É preciso ter muito cuidado para não confundir a música com a dança. A dança zouk brasileira pode ser dançada com diversos ritmos: kizomba, tarraxinha, cabolove, cabozouk, Zouk R&B. A dança zouk do Caribe (passada) está em muitos lugares como França, Inglaterra, São Tomé e Príncipe. Os principais pólos do zouk caribenho são: Angola, Antilhas, Cabo Verde e Haiti. A dança Kizomba, parecida com a dança zouk é febre em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal. Mas estes, não estão relacionados ao zouk dançado no Brasil

Fonte
websmed.portoalegre.rs.gov.br/escolas

O maxixe

O maxixe foi o primeiro tipo de dança urbana surgida no Brasil. Era dançado em locais que não atendiam a moral e aos bons costumes da época, como em forrós, gafieiras da cidade nova e nos cabarés da Lapa, no Rio de Janeiro. Por volta de 1875, estendendo-se mais tarde aos clubes carnavalescos e aos palcos dos teatros de revista. Os homens de classes mais privilegiadas frequentavam esses bailes e gafieiras, em busca da sensualidade das danças africanas. "Os pares enlaçam-se pelas pernas e braços, apoiando-se pela testa, essa maneira de dançar lhe valeu o título de escandalosa e excomungada. Foi perseguida pela polícia, igreja, chefes de família e educadores. Para que pudessem ser tocadas em casa de família, as partituras de maxixe traziam o impróprio nome de "Tango Brasileiro". Era uma forma de dançar não atrelada a um gênero musical específico, sendo inicialmente dançado ao ritmo do tango, da havaneira, da polca ou do lundu. Só nos fins do século XIX, as casas editoriais consideraram-no um gênero musical, imprimindo as músicas com essa classificação: "a primeira dança genuinamente brasileira". No início do século, alcançou grande sucesso nos palcos europeus, sendo apresentada com requintes coreográficos pelo dançarino Duque, na França e na Inglaterra, em 1914 e 1922, quando entrou em declínio cedendo espaço ao fox-trote e posteriormente ao samba.


A dança originou-se na África como parte essencial da vida nas aldeias. Ela acentua a unidade entre seus membros. Em sua maioria, todos os homens, mulheres e crianças participam da dança, batem palmas ou formam círculos em torno dos bailarinos. Todos os acontecimento da vida africana são comemorados com dança, nascimento, morte, plantio ou colheita; ela é aparte mais importante das festas realizadas para agradecer aos deuses,uma colheita farta. As danças africanas variam muito de região para região, mas a maioria delas tem certas características em comum. Os participantes geralmente dançam em filas ou em círculos, raramente dançam sós ou em par. As danças chegam a apresentar algumas vezes até seis ritmos ao mesmo tempo e seus dançarinos podem usar máscaras ou enfeitar-se.

A dança está presente no dia-a-dia das pessoas, seja no vilarejo ou no bosque sagrado ou das florestas. A dança interrompe a monotonia e estrutura do tempo. Assim como uma canção, a dança é uma forma de contar histórias.

Dança e Esporte Pular deitar e rolar fazem parte do jogo da capoeira. Não escapa se quer um músculo sem ser trabalhado ao ritmo do berimbau do atabaque e do pandeiro. Desenvolvem aspectos motores, passa noções de disciplina canaliza a agressividade. Esse jogo conquista pai, mãe e a garotada: tem música que brasileiro nenhum dispensa; a sequência dos movimentos parece uma dança e faz bem para a mente. Além disso pode ser a "senha" para despertar o interesse de seu filho por esporte. Dos tempos da escravidão pra cá, muita coisa aconteceu no mundo da capoeira, foram crises proibição, liberação, perseguição e etc ... Atualmente a capoeira é reconhecida e praticada mundialmente por um número muito grande de pessoas.


Danças afro-brasileiras
baiano/ baião-de pares
bambelô ou coco-de zambê-de roda bate-baú-de roda
batuque-de-fileira
calango-de-pares
carimbó-de-roda
Caxambu-roda
frevo-individual
jongo-de-roda
lundu-de-pares
maculelê-de-fileira
mineiro-pau-de-pares
pagode de amarante de fileira
partido-alto-de-roda
samba-de-roda
tambor-de-crioula-de-roda.

O tipo de Angola Veio da Angola e foi trazido pelos escravos negros como passatempo. Seu modo de dança é muito detalhista onde os movimento são efeitos lentamente com um ritmo bem devagar. Regional Este foi adaptado pelo brasileiros sendo assim o mais praticando hoje em dia. Seu modo de dança é mais agressivo, sendo comparado muito mais com uma arte marcial do que uma dança. Capoeira Tudo começou com uma dança da zebra. A palavra capoeira não é Africana, como se costuma pensar. Ele vem do tupi, kapueira, e possui dois significados - mato rolo ou roçado ou um cesto ou gaiola para carregar animais e mantimento. Os historiadores falam sobre o berço da capoeira, que pode ser rural ou urbano. Uns enxergam seu nascimento no campo, entre grandes plantações de cana e engenhos de açúcar onde as clareiras abertas no mato serviriam de canal para fuga dos escravos e espaços para o lazer.


Dança do Congo - É uma dança teatralizada que tem lugar na gravana, ao ar livre, realizada durante as festas religiosas e populares. Cada grupo de Dança do Congo é constituído por uma seção musical (três ou quatro tambores, flautas e canzás) e um número variável de figurantes, todos eles hábeis dançarinos: o capitão congo, o logozu, o anjo mole (anjo que morreu), o anjo cantá (anjo cantador), o o pé pó (figura que executa diversas acrobacias), ulogi o feiticeiro, o zuguzugu (ajudante de feiticeiro), três ou quatro bobos, o d jabu (diabo) e dez a dezoito soldados dançarinos.

ÚSSUA - Dança de salão, de grande elegância (uma espécie de mazurka africana), em que os pares são conduzidos por um mestre de cerimônias, ao ritmo lento do tambor, do pito doxi (flauta) e da corneta. Todos os dançarinos usam trajes tradicionais: as mulheres saia e quimono, xale ou pano de manta; os homens trazem chapéus de palhinha e usam no braço uma toalha bordada (que serve para limpar o suor do rosto).

DEXA - Típica da ilha do Príncipe de raízes angolanas. Ao ritmo de um tambor e de uma corneta, diversos pares executam danças de roda. As letras são quase sempre humorísticas, e implicam uma réplica da parte do visado. A dexa é dançada durante horas inteiras, apenas com ligeiras modificações.

PUITA E D'JAMBI
- Provavelmente com raízes angolanas, a puita é uma dança fortemente erótica, em que o tambor avança de forma frenética, obsessiva, sensual, pela noite dentro. Homens e mulheres formam filas indianas e, à mistura com alguns semi rodopios, fazem entrechocar os corpos de forma sexualmente explícita. Quando um parente deixa este mundo é de praxe executar-se uma puita em sua homenagem. A falta de cumprimento a este ritual pode ocasionar desventuras na família. Mas a puíta é tocada em muitas outras ocasiões, sendo uma das formas de música mais populares em São Tomé.

BLIGÁ (ou jogo do cacete) - É um misto de dança e jogo lúdico, em que a destreza e o vigor físico se aliam a uma sofisticada corporalidade e gestualidade que fazem por vezes lembrar certas artes marciais orientais. O bligá (que significa brigar) foi certamente, tal como a capoeira no Brasil, um modo de os escravos exercitarem uma arte de autodefesa sem que as autoridades disso se apercebessem.

SOCOPÉ - Os grupos de socopé são sociedades musicais com estandarte e fardamento próprio, organizadas segundo uma rigorosa estrutura hierárquica, que vai do Presidente aos sócios (os "membros" e as "membras"). As músicas têm um ritmo bastante lento, quase em tom de lamento, e os textos servem na maior parte das vezes para expor os principais problemas da comunidade ou para fazer crítica social ou de costumes.

CABETULA - Estilo de dança executado na região de Luanda em ocasiões festivas mas propriamente no período carnavalesco, por essa razão por vezes é conhecida como a dança do Grupo Carnavalesco União mundo da Ilha.

STLEVA E TLUNDU - O stleva e o tlundu são as únicas representações teatrais musicadas que não acontecem durante a gravana.

SUNGURA - Dança usual entre os povos da região sul de Angola (região do Huambo e Bié), também executada em cerimônias e rituais tradicionais, normalmente dançado em grupo.


DANÇAS DE SALÃO
- As danças de salão, mais conhecida por Kizomba, é uma dança executada preferencialmente em festas e cerimoniais, alias, Kizomba significa festa. Começou a ser executado nos Centros Recreativos e Culturais dos subúrbios luandenses e praticado nos primórdios por dançarinos profissionais no tempo colonial (tendo se generalizado nos dias de hoje), provavelmente entre as décadas de 60 e 70.